quarta-feira, 22 de setembro de 2010

...

Bati à porta. Ninguém respondeu.
Entrei e senti-te por perto.
O teu cheiro não engana,
Estavas ali.

Comecei a ler,
O que queria e o que não queria.
Comecei a vaguear pela casa e,
Dei por mim a conhecer-te
Através das palavras,
Das letras,
Da arrumação,
Da pontuação.
Apaixonei-me,
Segui-te,
Estudei-te,
Perdi-me.


Se hoje sou quem sou,
Posso agradecer à porta que se abriu,
Posso agradecer a quem não me respondeu.

Explorei o desconhecido,
Investi nele como se mais nada existisse.
Fez-me discutir com sabedores,
Fez-me sentir que sabia.

Um dia alguém vai dizer:
"É de família".
Se eu concordo?
Talvez.

Nunca esquecerei os postais em rima,
"Os olhos doces cor de mel",
As descrições da avó.

Façam-me rainha quando estiver ali,
Debaixo da terra que pisam.
Mas não me tentem interpretar,
Eu não tenho sentido possível.

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