domingo, 13 de março de 2011

Protesto "Geração à Rasca" - a minha, modesta, opinião

Não me perguntem porque vou perder tempo a escrever este post, simplesmente tive vontade de o escrever. Se estou "à rasca"? Estou. Tal como milhares de jovens por todo o país.
A manifestação de hoje foi, sem dúvida, uma demonstração do poder do povo. Sim, "do povo". Será esta uma palavra proibida no dicionário da maior parte dos jovens que se manifestaram? Talvez. Hoje, quando terminei o meu trabalho como recenseadora, decidi ir ao Twitter expor a minha opinião em relação a esta manifestação. Fui, e sempre serei, severamente contestada. Escrevi algo deste género, nos poucos 140 caracteres que o Twitter me permite: "O que mais me irrita nestes jovens é o facto de nunca se terem interessado por política e agora criticarem todos os partidos". Sim, é verdade. Hoje, esses tais 200 mil jovens, manifestaram-se. Hoje, quando estamos verdadeiramente "à rasca". Hoje, quando já pouco, ou nada, podemos fazer para mudar o sistema instalado. Hoje, o dia em que achavam que iam mudar o país. Hoje, quando a Merkel e a União Europeia já fazem de Portugal o que querem. Hoje, quando há mais de dez anos que nos deparamos com a destruição do ensino em Portugal. Hoje, o dia em que por mais que saiamos à rua, os políticos já não nos ouvem nem vêem. 
Deixamos, ao longo dos últimos anos, que este poder e esta forma de governar se instalasse no nosso país. Estes jovens que se manifestaram, muitos politicamente activos mas outros tantos que nunca viram um boletim de voto, não acham que já existiram dezenas de oportunidades para contrariarmos aquilo que nos está a acontecer agora? 
Cá eu, acho que já vão tarde.Há muitos anos, e não tenho muitos, que me manifesto contra este sistema. Contra a educação, contra o mercado de trabalho e as leis laborais. Sim. Querem saber como? Há anos que vou a manifestações e sou politicamente activa. Desde os 18 anos que exerço o meu direito ao voto. E não, nunca votei em branco. Votei em quem achei que me defendia. E por isso sinto que fiz tudo o que estava ao meu alcance para hoje não estar "à rasca". Se estou, a culpa não é minha. A culpa é de quem não vota, a culpa é de quem em quem faz as leis, a culpa é de quem vota para que Portugal esteja como está. E não é agora, que já nos afundámos, que vamos resolver o problema. Era há uns anos. 
Li, numa foto da manifestação, um cartaz em que dizia "eu não votei na Merkel!". Ora pois, eu também não. Os meus pais, também não. Mas houve quem há uns anos atrás achasse que a nossa entrada na União Europeia, na moeda única e em todo este sistema europeu, era benéfico para o país. Houve também quem achasse que estas políticas de direita dos últimos anos, e capitalistas, defendiam os nossos direitos. Será que estes jovens "à rasca" já se questionaram sobre se foram os pais deles que votaram e que os lixaram? Talvez não.
Eu sinto-me lixado, por todos, menos por quem me educou. Não me junto com fotocópias de quem me tramou, não me junto a quem faz protesto supostamente "apartidários" que criticam partidos. Não me junto a quem protesta sem pensar no passado e nos erros que tem vindo a cometer. Não me junto e não me juntarei a quem quer mudar mas deixa sempre tudo na mesma. 
Estou "à rasca" mas não me "lixem" porque "parva eu não sou".