domingo, 31 de janeiro de 2010

Houve qualquer coisa de estranho naquele dia. Ele sabia da existência daquele momento.Não o sabia descrever. A única coisa de que se lembrava era daquela cara. Aquela boca que, timidamente, passou a ter o formato de um "c" deitado com as pontas para cima. Aquele olhar ternurento que lhe foi lançado. E porquê? Porquê que ele se lembrava daquele momento? No fundo, sabia melhor que ninguém, que tudo isto podia não ter sido para ele. Mas, felizmente, ele apanhou-o. Apanhou o olhar, apanhou o sorriso, apanhou o momento. Se lhe perguntassem o que é que tudo isto lhe fazia lembrar, ele dizia, simples e rapidamente: uma fotografia. Ele a máquina fotográfica, ela o objecto fotografado. Ele captou o momento, com tanta nitidez que tinha medo de pensar que não se voltaria a repetir. Claro que sabia que isso era, na teoria possível, na prática quase impossível.
Viu-a no metro, quando saía rapidamente da carruagem e ela entrava. Vinha com os olhos colados ao chão e raramente levantava de lá o olhar. Tinha no bolso o iPod, o instrumento que lhe animava os primeiros minutos da manhã. A música que ouvia na altura, sabia-a de cor. De repente tropeça e ergue momentaneamente a cabeça, de forma a dar a entender que aquele "jeito desajeitado" não lhe era característico. Ao mesmo tempo que levanta a cabeça, mente descaradamente à sociedade. Ele sabia que quase todos os dias tropeçava em si próprio, mais do que uma vez ao dia. Aquela era apenas a primeira, daquele dia. No momento em que ergueu a cabeça, sorrio, de forma a mostrar que estava bem e que o dia lhe estava a começar ao jeito, desajeitado. E, pela primeira vez, o sorriso foi-lhe retribuído. Ela sorrio-lhe, carinhosa e timidamente, mostrando-lhe um ar de compaixão. Na altura, ele quase nem reparou que ela lhe tinha sorrido. Ele quase nem viu o quão bonito era aquele sorriso. Ainda assim, não houve um minuto em que não pensasse nele.
O ar desajeitado que tinha, caracterizava-o tão bem, por fora e por dentro. Foi este ar que o tramou, foi este ar que o fez não reparar e correr atrás daquele sorriso. E agora? Será que o vai ver novamente? Ele pode cruzar-se com ela todos os dias e nem ter reparado. Ou ela pode ser só mais uma pessoa que passou, naquele momento, na sua vida e que nunca mais vai passar. Ela podia estar de passagem pela cidade. Podia ser estrangeira e estar só de passagem. Podia tantas coisas que ele foi dormir e sonhar com aquele sorriso. Interiorizou que era impossível voltar a vê-la, voltar a cruzar-se com ela à saída do metro. Voltar a ver aquele sorriso. E interiorizou-o para parar de pensar nisso.
No dia seguinte, só se lembrou dela quando ia a sair da carruagem e tropeçou novamente, desta vez não sorrio mas ergueu a cabeça à procura dela. E ela? Não estava lá. Foi aí que se lembrou do sonho que teve naquela noite. E tão perfeito que foi...

sábado, 30 de janeiro de 2010

Há fases em que a vida não é vida. É um mero seguimento de acontecimentos esperados e ritmados na melodia que nós produzimos a cada dia que passa. Se sei o que é a vida? Sei. Sei o que é sofrer? Sei. Sei o que é viver? Não sei. Viver é difícil e, no dia em que aprender a fazê-lo, morrerei. Só a morte nos faz chegar à vida. É estranho não é? Eu sei. Mas é o que penso. Quando temos a morte à nossa frente é que sabemos o que foi viver. É que sabemos o que é a vida e é aí que lhe damos valor. Agora? Limitamo-nos a seguir aquilo para que a sociedade nos formata. A nossa vida gere-se à volta de regras incutidas desde o dia em que nascemos. Isto é viver? Não...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

E quando não temos nada para dizer? E quando existe um enorme vazio dentro de nós? E quando já nem pensar conseguimos? E quando a única coisa que queremos fazer é dormir?
Paramos...
Olhamos...
Pensamos...
Apreciamos...
Pensamos...
Choramos...
Pensamos...
Morremos...
e...passado um tempo, ressuscitamos.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Ele e Ela

E lá ia ele. Desajeitado e com a mochila às costas. Parecia feliz por ir para a faculdade, porque seria?
A mãe tinha lhe dito para não sair de casa sem tomar o pequeno almoço, o que o atrasou. Ia num passo acelerado e o sol estava a perturbar-lhe a visão. Tirou a alça esquerda da mochila, pendeu-a para o lado oposto e num gesto rápido abriu o fecho. De lá tirou os óculos de sol e rapidamente, colocou-os na cara. Fechou a mochila, voltou a pô-la às costas e começou a correr. Corria para passar as passadeiras com os sinais vermelhos, corria para não chegar atrasado, corria porque tinha um exame à sua espera. Mas porquê tanta felicidade? Estava-lhe estampado no rosto, ele sorria enquanto corria, sozinho, pelas ruas entupidas de trânsito. Será que havia mais qualquer coisa que o fazia correr?
A respiração era ofegante quando entrou dentro da sala. A cara passou de sorridente para séria, enquanto olhava para a professora. A professora deu-lhe a prova, a folha de teste e disse-lhe quanto tempo tinha para fazer o exame. Ele levantou a cabeça, procurou um lugar e dirigiu-se para ele. Era na última mesa da sala mas isso fê-lo voltar a sorrir. Aquele pequeno trajecto tinha no meio a razão de tanta alegria.
Lá estava ela, sentada, a fazer a prova. Mal o viu entrar levantou a cabeça. Olhava carinhosamente para ele enquanto ele ouvia as explicações da professora. Ela estava à espera que ele levantasse a cabeça para lhe sorrir. E foi isso que aconteceu, sorriram ambos, sorriram apaixonadamente um para o outro. Ele passou e ela voltou a baixar a cabeça e a concentrar-se naquilo que estava a fazer. É inteligente, nota-se pelas respostas elaboradas que está a dar.
Ele sentou-se e continuou a olhar para ela. Sabia de cor cada fio de cabelo, cada gesto e sentia-se bem quando a tinha por perto. Concentrou-se, por fim, no exame. Ele também é um bom aluno mas não tinha dormido bem e a concentração não era constante. Passou a noite a pensar nela, nos sorrisos, nos olhares, nos carinhos que trocaram naquele dia. Tinha sido um dia importante, tinha sido o dia em que se tinham beijado pela primeira vez e ele sentiu que a amava realmente. Sentiu que era a ela que queria.
O tempo para fazer o exame terminou e os dois tinham preenchido sabiamente cada linha da folha de teste. Saíram e não sabiam o que fazer. Não sabiam se haviam de trocar um beijo longo e profundo, se haviam de se cumprimentar como faziam anteriormente. O amor decidiu por eles e trocaram um longo e terno beijo. E lá foram, a sorrir, beber um café e conversar.

(um dia pode ser que acabe esta história : ) espero que gostem)

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

...

É triste sentir a tristeza. É triste pensar que não somos capaz. É triste sentirmo-nos impotentes perante certas coisas. É triste viver sem vida. É triste viver sem sorrir. É triste viver sem inspiração. É triste sentirmos que os momentos felizes passam a correr e raramente passam.
Será que a felicidade não vê os sinais que dizem "paragem"?
Será que a felicidade não vê?
Será por isso que só nos encontra quando lhe damos um encontrão?
É triste ser triste. É triste estar triste.
Quando nos sentimos sozinhos vêmos que, talvez, aquilo que nos rodeia é quase sempre superior a nós próprios. E porque estamos sozinhos? Porque nos sentimos superiores a tudo. O egoismo traz-nos a solidão e a tristeza. Mas também nos traz a felicidade. Ainda assim, a felicidade que nos traz é ilusória. É uma ilusão feliz, enquanto dura.
Hoje estou aqui, feliz ou infeliz?Egoísta ou ...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Amor

Amo-te. Sabias?
Amo-te tanto. A sério. Já não consigo passar uma noite sem ti. Sem te ter, sem te ver.
E tu também me amas, já mo disseste. Acho que é por saber que me amas que te consigo amar.
Todas as noites espero ansiosamente pela tua chegada. Enrolada nos lençóis espero que me venhas aquecer. E quando demoras a chegar? Fico sem saber o que fazer, sem conseguir adormecer. Só penso em voltar a sentir-te. Em voltar a ter-te perto de mim, a aconchegar-me.
Quando chegas o meu sorriso torna-se estupidamente intenso. Tu sorris-me de uma forma tão bonita que até tenho vergonha se não conseguir sorrir de igual forma. Ainda assim sei que o meu sorriso “não chega aos calcanhares” do teu. O teu sorriso é forte, bonito e calmo.
Tu acalmas-me tanto sabias? Tenho pena de só puder estar contigo à noite, na cama. Tenho pena de não puder passear contigo de mão dada pela rua. De não puder ir às compras contigo e dizer “sim, é este o homem da minha vida”. Será que algum dia vamos puder fazer isso? Será que algum dia vamos puder casar, ter filhos e uma casa só nossa? Será que nos vamos puder encontrar fora dos lençóis da minha cama?
É isto que é o amor: a eterna esperança, a eterna procura, a eterna espera…É por isso que detesto acordar e ver que já não estás lá. Mal abro os olhos derretes-te no calor da cama. E é por isso que sei, que só nos sonhos consigo amar. Que só nos sonhos existe o verdadeiro amor.
Vou adormecer, por favor, aparece de novo.  

domingo, 17 de janeiro de 2010

Ora, pela primeira vez, deixo-vos com música:
Maria Rita - Num Corpo Só

...

Sentia-se perdida. O mundo escorregava-lhe das solas dos sapatos. As amizades pareciam fugir-lhe por entre as mãos. O amor, esse, sentia-o dentro dela. Um dia perguntou a si mesma se o amor valia a pena. Perguntou a si mesma se o amor, que a fazia mover-se pelo mundo, era assim tão especial. Perguntou a si mesma se esse amor era verdadeiro. Insistiu em perguntas de interpretação do amor, esse sentimento nocturno que nos invade.
No dia seguinte acordou e decidiu não amar. Decidiu colar as solas dos sapatos ao mundo. Decidiu agarrar as amizades entre as belas mãos que possuía. Decidiu que o amor que tinha por si própria só podia ser vivido desta forma.
Passados alguns dias sentiu-se estranha e questionou-se novamente acerca desse sentimento nocturno. Decidiu dar-lhe uma hipótese. Começou a amar alguém. Alguém que não a amava mas que a fazia sentir bem. Alguém que não a amava mas lhe dava prazer. Alguém que não a amava mas que lhe dava forças. Alguém para quem ela era indiferente mas que lhe transmitia paz. E foi aí que percebeu que o mundo é feito de equilibrios e não de excessos. Foi aí que percebeu que se podia amar sem ser amado. Que se podia sentir sem ser sentido. Que se podia viver sem querer viver. Que se podia encontrar sem procurar.

sábado, 16 de janeiro de 2010

"Olá sr.medo"

É quando o medo se apodera dos nossos dias que ganhamos força para enfrentar a vida. É quando o medo nos invade e nos provoca dor, raiva e ao mesmo tempo tristeza que ganhamos vida. É com o medo que temos de aprender a viver e não com a felicidade. A felicidade, essa, aparece-nos e muitas vezes nem valor lhe damos, só quando estamos tristes. Mas o medo, esse, nunca o ignoramos. Ele é, inicialmente, mais forte do que nós. Ainda assim, é quase sempre superável e quando não o é habituamo-nos a ele. Hoje decidi dizer "olá sr. medo, eu sou a Inês e gostava de ter uma boa relação consigo, acha possível?" ... ao que ele me respondeu "claro que sim, toda essa simpatia e boa disposição farão com que tenha uma boa relação comigo."... e não se ficou por aqui, ainda me desejou um bom ano!
Agora sim, estou pronta para a vida...  

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

...

pois é... os dias passam, as horas passam, os minutos passam, os segundos passam, o comboio passa, o avião passa, o autocarro passa e eu?Fico aqui...

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

...

E foi assim...ao sentir-te que sorri.
Não te sorri de imediato, não te sorri cara-a-cara, simplesmente, sorri. E continuo a sorrir sempre que te vejo. Continuo a perseguir-te os passos quando estás presente. Continuo a pensar em ti mesmo quando não te vejo.
Continuo e sinto. Sinto que te quero mesmo sem saber se me queres. Sinto que me queres mesmo sem me dirigires a palavra. Sinto-te mesmo sem te tocar. Quero-te sem nunca te ter tido. Persigo-te mesmo sem te ver. Olho-te quando não me olhas. Escondo-me quando te presinto. Encolho-me quando me tocares.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

...

Se ao menos tivesse sentido mais do que a ponta do teu pé. Se ao menos tivesse visto mais do que um sorriso envergonhado. Se ao menos me tivesses dado a mão. Se ao menos olhasses para mim agora.
Eu não quero, e não gosto, de pensar em ti mas a solidão torna-o inevitável. Procuro-te nas noites frias, nos dias cinzentos, na falta de auto-estima ... na falta de amor. Sei que não me deves querer mas, posso tentar?
Gostava que dissesses que sim. Mas como? Tu não falas e eu não te falo.
Se as pontas dos pés falassem...
Se a vergonha falasse...
Se...

Porquê que somos assim?

sábado, 9 de janeiro de 2010

Sentei-me para o ouvir,
Ele estava ali ao fundo,
Só me apetecia sorrir,
Só me apetecia roubá-lo do mundo.

Ele vinha e ia.
Tornava a vir,
Voltava para trás.
E eu?Sorria.

Nas pontas trazia espuma
e fazia caracóis quase perfeitos.
Enrolava-se em si próprio e
chegava cronometradamente à costa.

Era ele. O mar.
Era ele. A água salgada.
Era ele. O que nos ajuda a bronzear.
Era ele. O que me faz pensar.

É nele que te vejo.
É ao vê-lo que te sinto.
É com ele que revejo,
O beijo com que minto.

O beijo que te dei,
O beijo que te darei,
O beijo que te dou,
O beijo que faz de mim quem sou.

Podes voltar e ir,
Tal como ele faz.
Mas não me faças rir,
Nem pensar que não sou capaz.

O meu sorriso esconde tristeza.
O meu sorriso tapa-me a amargura.
É com ele que te enfrento,
É ele que te leva ternura.

Não me deixes aqui.
Diz-me para parar de rir.
Diz-me para te voltar a sentir.
Eu só quero morrer a rir.

Enquanto viver quero sentir,
O teu amor,
O meu amor,
O nosso momento,
O nosso sentimento,
O nosso pequeno investimento,
A nossa paixão.

É com vergonha que te digo,
Que se me quiseres voltar a ver,
Por favor não seja a sorrir,
Por favor, eu só quero sentir.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

- Estás?
- Já vi que não...

- Já aqui estás?
- Pois...continuas ausente!

- É só para dizer que preciso de falar contigo...quando estiveres fala ou se vires isto manda mensagem.
- Eu estou aqui.
- AH e não dizias nada?
- Desculpa estava aqui a fazer umas coisas.
- Claro agora pensas que isto é assim!?Não me ligas nenhuma e até preferes "coisas" a uma conversa comigo!?
- Não...eu estava a trabalhar!
- Ok. Trabalhar ...


Agora sou eu, a Inês. Simulei aqui um diálogo entre um casal, para perceberem o porquê do fenómeno dos divórcios estar a aumentar.
Há "um par de anos" atrás este diálogo simulado por mim nunca aconteceria. As pessoas quando falavam era cara a cara e não através de engenhocas electrónicas, redes sociais, chats, etc. Não existia tanta perseguição no casal. Hoje em dia o parceiro é vigiado quase 24 horas por dia e se não deixar que isso aconteça o outro, faz um escândalo. Isto é normal? Não é... estas coisas das novas tecnologias só nos fazem é mal mas ninguém me lê...acham que eu só digo parvoíces.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Finalmente decidi postar uma coisa a sério. Quando digo a sério refiro-me a algo concreto, mais propriamente uma opinião formada acerca de um assunto que está "na berra". (era agora que era suposto rir)
Casamento Gay, homossexual, entre pessoas do mesmo sexo, o que quiserem, para mim é igual.A conclusão a que eu chego é que o nome não interessa para nada, o que interessa mesmo é que um homem se vai puder casar com um homem e uma mulher com uma mulher. Isto, até certo ponto, tem a sua piada. Ora vejamos, o problema de existir mais pessoas do sexo masculino do que do sexo feminino deixa de ter importância, por exemplo. Afinal de contas os sexos já não interessam para nada. O que é que interessa o sexo agora? Só mesmo na cama, de resto...
Bem, assim já não há mais homens que mulheres, aliás, corremos mesmo o risco de que a quantidade de homens e mulheres seja a mesma, afinal de contas um casal é sempre um casal e algum deles há-de ter que ser o homem da casa. Isto tanto num casal gay feminino, como num casal gay masculino, certo? Ou seja vai haver mulheres para todos e para todas e homens para todos e para todas.
Isto é giro mas há algo que me intriga no ceio deste tema que é!?....o que é que vai ser de nós heterossexuais? Eu respeito muito estas coisas do sexo, acho muito bem que gostem de ter sexo uns com os outros mas... agora por isto ser legal vou ter de ver homens aos beijinhos no café? E mulheres? É? Eles vão saltar todos do armário e invadir as nossas ruas?

(estou em pânico)

É que por mais que respeite, e respeito, não me consigo ver a ir na rua lado-a-lado com um casal gay aos beijos, por exemplo. Mas eu hei-de habituar-me, afinal de contas quando estive na Bélgica também me habituei.
Conclusão disto tudo...
Viva as bichas e os bichos e...

http://www.youtube.com/watch?v=9vMT8VikT_c

(Vejam este episódio das bichas do demónio e riam-se)