terça-feira, 28 de setembro de 2010

...poema da meia-noite e meia sem sentido

Pede-me que fique,
Jura que não vais,
Perde-te em mim,
Mente-me mais.

Sofrer na mentira,
Sofrer na verdade,
Ilusão,
Vaidade.

Dúvida que persiste,
Tristeza que invade,
Um ser a que mentiste,
Jamais perde vontade.

Vontade de te ter,
Vontade de te trair,
Vontade de te mentir,
Vontade de te perder.

Não fiques,
Vai,
Leva contigo o que deixaste,
Ergue o queixo,
Deixa-me as costas,
Fico feliz,
Ou infeliz,
Para ti pouco importa.

Prefiro assim,
Encaro de frente a tua indiferença.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

...

Abri o jogo.
Fechei a jogada.
Tentei abrir o jogo novamente.
E no que deu?
Em nada.

Abrir o jogo e fechar.
É disto que é feito o dia-a-dia.
É disto que é feita a vida.
E é nisto que temos de ser bons.

Quando fechamos um jogo,
Fechamos uma etapa.
E se fechamos uma etapa,
Não podemos voltar atrás.

Devemos perceber,
Compreender,
E saber viver.

Há que aprender,
Aprender a sobreviver.
Sobreviver a um mundo incoerente,
A uma sociedade fechada,
Que temos de abrir,
Para iniciar a etapa.

A etapa da vida.
Essa, que todos os dias pode mudar.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

...

Bati à porta. Ninguém respondeu.
Entrei e senti-te por perto.
O teu cheiro não engana,
Estavas ali.

Comecei a ler,
O que queria e o que não queria.
Comecei a vaguear pela casa e,
Dei por mim a conhecer-te
Através das palavras,
Das letras,
Da arrumação,
Da pontuação.
Apaixonei-me,
Segui-te,
Estudei-te,
Perdi-me.


Se hoje sou quem sou,
Posso agradecer à porta que se abriu,
Posso agradecer a quem não me respondeu.

Explorei o desconhecido,
Investi nele como se mais nada existisse.
Fez-me discutir com sabedores,
Fez-me sentir que sabia.

Um dia alguém vai dizer:
"É de família".
Se eu concordo?
Talvez.

Nunca esquecerei os postais em rima,
"Os olhos doces cor de mel",
As descrições da avó.

Façam-me rainha quando estiver ali,
Debaixo da terra que pisam.
Mas não me tentem interpretar,
Eu não tenho sentido possível.

...

Cansada,
Desarmada,
Inerte,
Errada.

Levanta-te,
Ergue os braços,
Luta,
Mostra quem és.

Fá-los ver que estás aqui,
Acredita em ti,
Luta para que nunca acabe,
Luta para que no fim te agrade.

Faz com que te desejem,
Acredita que te vão querer,
Faz com que te procurem,
Luta para viver.

A sobrevivência é um mal.
O comum mortal adora-a.
Eu odeio-a
Mas não deixo de ser comum.

Não luto pelo luxo,
Luto pelo que quero.
Luto por mim e por ti,
Não estaria aqui se assim não fosse.

Não lutes.
Deixa tudo para mim.

domingo, 19 de setembro de 2010

"oh tempo, volta para trás"

Entre cigarros, copos, comida e música a conversa surgiu...
Regressei aos meus tempos de criança e lembrei-me que a vida nem sempre foi tão "fácil" como é hoje. Recordo-me do tempo em que 1000 escudos eram a minha semanada e chegavam perfeitamente. Recordo-me de não ter esquentador em casa. Recordo-me de sempre ter tido o que precisava mas não ter tudo o que tenho hoje e tão facilmente. Computadores? Ninguém tinha. Telefone em casa? Lembro-me de ele ser instalado. Vídeo? Aos sete anos apareceu em minha casa. Se sou velha? Não...tenho apenas vinte e dois anos e dei conta de uma evolução rápida e desproporcional.
Esta evolução facilitou apenas o dia-a-dia mas reparo que condicionou um pouco tudo o resto. As relações já não são o que eram. Os amigos tanto são como deixam de ser. Perdem-se amigos com intrigas "facebookianas" por exemplo mas ganham-se amigos através das redes sociais também. As sms's permitem que as pessoas falem ininterruptamente, o que pode ser bom ou mau e...agora pergunto-me: gostavas de voltar atrás?Gostavas que fosse tudo como antes?
Gostava, pelo menos por uns tempos.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

poema das oito

Vivo na tua indiferença.
Sobrevivo da diferença.
Pronuncio-me indiferente.
Apareço diferente.

Sei o que fui, sei o que sou.
Não sei o que serei,
Se souberes diz-me.
Agora só quero permanecer indiferente.

Indiferente à tua indiferença,
Indiferente ao que fui e serei,
Consciente daquilo que sou e
Com coragem para enfrentar o que serei.

Se me ouvires grita,
Se me leres cala-te.
Se me vires chora,
mostra-me a tua alma.

Um poema das três

Se sinto o passado,
É porque algo ficou.
Se sinto o presente,
É porque algo se passa.
Se sinto é porque sinto,
Se não sinto é porque não tenho raça.

Raça para viver,
Coragem para enfrentar,
Determinação para terminar.

Não termino agora,
O que nunca comecei,
Terminarei um dia,
Quando sentir que o que passou
É passado.
Viverei do futuro,
Incerto mas decerto mais certo que o passado.

Agora vivo de mim,
Daquilo que sei e não digo,
Daquilo que quero e não quero,
Daquilo que não sei mas faço.

Vivo aqui, bem perto de ti,
No mesmo mundo,
Num cantinho à parte.

Selada num silêncio incomodativo,
Numa serenidade irritante.
Quero viver para ti,
Futuro intrigante.
Quero viver de ti,
Quero conhecer-te,
Diz-me quem és.