terça-feira, 29 de dezembro de 2009

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E lá estava ele, mais uma vez, encostado ao balcão. Numa mão tinha uma cerveja, na outra o vício. O fumo saía-lhe espesso pela boca e rodeava-o. Uma das mãos estava gelada, era a que segurava a cerveja.Eu sabia-o porque a mão parecia tingida de um vermelho forte. Estava a vê-lo, ali, mais uma vez. E ele? Olhou para mim mas não falou,como sempre, sorriu timidamente. Depois virou-se e continuou a falar com os amigos. Quer dizer, eu acho que são amigos, nem sei bem, podem ser simples conhecidos de café.
A beleza é a característica que mais me impressiona nele. Nunca trocámos uma palavra, nem um simples "olá", portanto também não sei que mais me pode impressionar.
Ele continua ali, ao balcão, a rir com os amigos, e eu aqui a rir-me por dentro para ele. Sinto que existe algo entre nós, não sei o quê mas acho-nos parecidos. Reservados, sinceros, essas coisas. Quero falar com ele. Por favor coragem, vem e toma conta de mim.
Tenho o plano, quando ele sair eu saiu e sigo-o pela rua. Sei onde ele mora, não é muito longe do sítio onde deixo o carro. É isso, é hoje.
Entretanto a minha amiga falava comigo e eu não a ouvia. Sorria-lhe como se estivesse interessada nas palavras que lhe saíam, entre sorrisos, pela boca. Ela não sabia que eu o estava a fitar. Ela não percebia, porque sempre fui discreta e tímida nestas coisas.
Quando ele começou a pagar a conta apressei-me a inventar uma desculpa para ir embora. Eu sabia que ela não ficava sozinha, tem tantos amigos por ali que a minha ausência nem a ia incomodar. E fui atrás dele...

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